O tema geral da tese é a análise crítica das condições de vida dos trabalhadores durante o governo do Partido dos Trabalhadores de 2003 a 2016. A questão central da qual se parte pode ser assim formulada: como foi possível em um país de capitalismo dependente e marcado pela superexploração da força de trabalho verificar de maneira prolongada um aumento real do salário mínimo e médio, entre outras importantes medidas vinculadas às chamadas "conquistas sociais", sobretudo no auge do crescimento econômico? Nesse sentido, o objetivo geral da investigação é compreender as mudanças na remuneração dos trabalhadores e da jornada de trabalho e como elas condicionam e manifestam as tendências do atual padrão de reprodução do capital exportador de especialização produtiva, em várias escalas espaciais. Metodologicamente, para associar a condição de vida dos trabalhadores com a valorização do capital, procurou-se mensurar a taxa de mais-valor a partir de duas metodologias: a matriz insumo-produto e a expressão monetária do valor. Além disso, os mecanismos de superexploração da força de trabalho foram analisados com base em dados secundários oficiais relativos à jornada de trabalho, sobretudo por meio da PNAD e SCN do IBGE, RAIS/MTb e Salário Mínimo Necessário do DIEESE.Os principais resultados apontam a manutenção de um elevado patamar da taxa de exploração no auge do crescimento concomitantemente a uma redução do tempo de trabalho médio e aumento real do rendimento médio e mediano. Diante dessas evidências, defende-se aqui uma contenção relativa da superexploração durante parte do governo petista. Contudo, de modo algum se pode dizer que a dependência e SFT foram superadas, principalmente ao se considerar a intensidade da jornada de trabalho, a permanência das desigualdades de renda e a deterioração das condições sociais e laborais pós-2010. Os resultados e as análises indicam também que a superexploração e a dependência se manifestaram sob diversos mecanismos, para além da jornada de trabalho direta e do fundo diário de reprodução força de trabalho. Por fim, evidenciou-se que essa manifestação teve como base uma produção social do espaço em várias escalas: nacional-internacional, mas também, regional, rural e urbana.
Título
Padrão de reprodução do capital e superexploração da força de trabalho no Brasil (2003-2016): uma análise em múltiplas dimensões espaciais