Descrição / Abstract
A grande discussão que se fez presente no Brasil entre 2003 e 2013, em torno ao neodesenvolvimentismo e ao subimperialismo, envolvendo a academia, institutos de
pesquisa e até mesmo políticos de diferentes posições ideológicas, ocorreu muito em função da orientação das políticas econômicas e do papel que o Estado brasileiro exerce, de protagonismo internacional durante os governos Lula. Esta dissertação busca refletir, por um lado, sobre a estratégia neodesenvolvimentista que se apresenta, em diálogo com outros projetos ideológicos como o neoliberalismo, o social-desenvolvimentismo, a partir de uma “adaptação” da teoria clássica do desenvolvimento pensada como horizonte utópico dos países latino-americanos, no pós II Guerra Mundial; e por outro em torno do resgate e atualização da categoria subimperialismo, trabalhada por Ruy Mauro Marini nas décadas de 1960 e 1970, como aspectos fundamentais para, à luz dos aportes da Teoria Marxista da Dependência, discutir a posição assumida pelo Estado brasileiro durante os dois governos Lula da Silva (2003-2010), no que se refere à integração regional em infraestrutura física. Para tanto, o planejamento, a criação e a implementação da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA), especialmente na construção da Estrada Interoceânica IIRSA Sul em território peruano, o papel desempenhado pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social do Brasil (BNDES) como um impulsionador da formação de monopólios empresariais e financiador de projetos de integração regional e a construtora brasileira Odebrecht como realizadora da obra e administradora da estrada, cujos objetivos de expansão e conexão do capitalismo dependente brasileiro aos portos do oceano Pacífico, tornam a discussão não somente possível, mas necessária aos interessados e preocupados com os rumos da integração em nosso continente.